Quando eu tinha 13 anos eu levei um pe na bunda porque o moçoilo queria uma menina, saca, que dava para ele. E com 13 anos eu não queria dar. Alias com 13 anos eu não sabia o que era sexo, e beijo na boca era coisa inocente.
Quando eu tinha 14 anos, eu tinha a onda de "pegar" geral, porque eu não gostava de ninguém e eu achava que o certo era o que as minhas amigas faziam. E com 15 anos eu arrumei um namorado. Skatista, babaca, tão burro que doía em mim ter que ouvir certas coisas. Aquela filosofia de vida: piri, caxu, minha mina, minha moto, meu trampo. E eu não entendia porque eu ficava com aquilo. Depois eu descobri que ele era um acessório bonitinho e ficou por isso mesmo. Com 16 eu me apaixonei. Muito. Mesmo. Casar, ter filhos, casa com cerquinha branca. Ai eu fui crescendo, e não ia me adequando em lugar nenhum. Eu não gostava das pattys e da busca incessante delas por lugares da moda, playboys com carro tunado. Alias, eu nunca suportei carros tunados. Eu não gostava das ripongas, que ficavam fumando maconha e falando de xacras e de transcender a mente. Nunca agüentei gente com blusa do Che, pregando a revolução, querendo acabar com o sistema. E não suportava as metaleiras com suas maquiagens borradas, com aquelas roupas quentes debaixo de um sol escaldante, que seu eu pudesse ficava de biquíni o dia todo. Os metaleiros então eram os piores. Com aqueles cabelos ensebados, do tipo que nunca viu um Seda Ceramidas na frente. Ai eu percebi que quando você acha a metade do mundo babaca, você acaba passando muito tempo sozinho. Se tiver sorte como eu tive acaba tendo amigos legais. Tão legais, que às vezes você ate duvida que existam. Tão legais que quando estão juntos parece seriado americano. Só faltam as risadinhas forcadas atrás. E ai quando eles estão longe, a solidão vira um ônus difícil de carregar. Às vezes, ser flexível com a ignorância alheia não significa ser fraco ou não ter personalidade. Às vezes e a válvula de escape para uma cabeça, um coração, um corpo que não para de pensar. E o ponto de equilíbrio quando você fecha os olhos e roda, roda, roda, e quando abre não consegue parar de girar. E a muleta pro pedaço que você arrancou de mim quando foi embora. E só uma parte, porque nunca vai ser inteiro. Nunca vai ser inteiro, como você foi para mim.
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