28.7.10

Eles, os produtores.

Meu, já repararam que de quando em vez aparecem profissões da moda? Quando eu era criança, lá pelo início dos anos 90, todo mundo era – ou queria ser – analista de sistema. Eu lembro bem, de uma amiga da minha mãe, contando que o filho ia prestar vestibular para isso porque era a profissão do momento. Acho que hoje em dia nem existe mais, né? Não com esse nome. Enfim. Depois eu lembro que lá pelo início dos anos 2000 as profissões do momento eram turismólogo (hahahahaha) e fisioterapeuta. Cara, sério. Até hoje eu fico por entender porque alguém tem a CORAGEM de falar que isso é curso superior. oi? Aprender quantos toddynhos vão em um frigobar? Como dobrar lençol? Como diz o Dedé: é curso de quem gostaria de viajar e não tem dinheiro. Aí quer dizer que é uma pessoa viajada, entendida, sei lá.

E os fisioterapeutas? Lembro dos negos falando: “ah, quero ajudar os acidentados”. Rapaz, tinha que ter acidentes DEMAIS para que todos os fisioterapeutas, formados nas unidunitês, tivessem muitos pacientes para ensinar a apertar bolinha. Sinceramente.

Mas vamos aos dias de hoje: nessa época pós-moderna em que tudo é muito fluido e rápido, em que identidades mudam o tempo todo e que há quebras sucessivas de modelos de conduta e parâmetros de pensamento, quem entra em cena? Eles, os PRODUTORES CULTURAIS.

Produtor cultural é a profissão de quem está na moda, é hype e antenado - eufemismo pra vagabundo. Veja bem: diferente das outras profissões citadas é muito mais fácil ser produtor cultural porque é que nem jornalismo, nem de diploma precisa. Quer dizer, você precisa de meio diploma (ou de ter gastado a grana dos seus pais durante alguns semestres estudando – e desistindo – de cursos como: cinema, gastronomia ou design).

O grande lance para ser um produtor cultural é você não ter conseguido sucesso em nada que fez. Como não conseguiu fazer uma faculdade decente ou arrumar um trabalho de verdade, você, produtor cultural, já se aventurou pelo mundo da música (virou DJ), das artes (virou fotógrafo) e das ciências (largou o direito), mas nada foi capaz de preencher o seu ser tão autêntico.

Outra coisa importante nessa bonita profissão é sempre negar veementemente que é promoter. Você faz tudo que um promoter faz: puxa saco de dono de boates, entrega flyer de bônus para os amigos, enche o scrap e o twitter de todo mundo com aquela festa bombante, mas se alguém te pergunta se você é promoter do bar tal, você tem que saber prontamente responder que não. É o produtor cultural. Aquele cara cuja única finalidade é descobrir o número da banda emo do momento no Google e dizer pro dono do estabelecimento que é chegado e que eles até te seguem no twitter.

Twitter é a importante ferramenta de trabalho. Se precisasse de faculdade para ser PC, com certeza, existiriam as matérias Metodologia de Twitter I e II. Todo PC tem um twitter hypado. Toda descrição começa com seu currículo “modelo, atriz, fotógrafa e produtora cultural”. Pode ter certeza que nem todo PC mora em São Paulo, mas a titia garante: todos gostariam de morar lá. A Meca da cultura brasileira, o estandarte da produção cultural. Pinacoteca é pinto. A cultura de Sampa está na galeria do rock, e os PC no ABC paulista, produzindo shows emos para meia dúzia de adolescentes. E, claro, uma foto photoshopada mostrando sempre uma pessoa de cabelo colorido com tatuagens à mostra. Como médico tem o estetoscópio, o PC tem o twitter.

É claro que nada dura para sempre e em algum momento o PC tem que largar de ser vagabundo e parar de ser sustentado pelos pais. Aí, no fim das contas, acaba virando fucionário público.

Mas você também é funcionária pública, Marina, como se explica? Pois bem: pulei a parte vergonhosa, Arnaldo.

Enfim, esse post foi só para ajudar você, leitor, que não sabe o que fazer da vida e nada da vida sabe fazer. Pinte seu cabelo, tatue suas costas, saia de segunda a segunda (já que você não trabalha mesmo), crie uma rede de contato com desocupados como você e sempre reclame de como a cultura é algo importante e como sua cidade sofre com a carência de lugares autênticos. Se até semi-analfabetos conseguem, você também pode. Eu garanto.


11.7.10

the girl with the thorn in her side.

ai, gente, que loucura, o que anda acontecendo com as pessoas?

ontem, eu com a maior vontade se sair de casa, saí ligando para alguns amigos. e ,meldels, o que andam colocando na água de goiânia? todo mundo nessa cidade está deprimido. eu, obviamente, desde que mudei para cá deveria estar deprimida, porque, né? odeio essa cidade mais que tudo. mas, vejam só: eu sou a mais feliz da gelere. e, gente, em um mundo em que eu sou a mais feliz é o prenúncio de 2012, porque se não for, eu não sei mais o que é.

sou a pessoa mais insatisfeita do mundo. todos sabem disso, mas, ultimamente, meu msn só pisca com problema. difícil alguém falar comigo e não ser para reclamar, contar alguma merda, ou pedir conselho. quando a pessoa é minha amiga eu ainda tento ajudar, mas, sinceramente, o que anda se passando com o mundo que só tem infelicidade?

engraçado: lendo meus blogs preferidos dois deles falavam de dementadores (ah, colega, se você não sabe o que são dementadores não serei eu a te explicar) e isso só mostra, que, sei lá, deve estar faltando anti-depressivos na farmácia. sinceramente, viu, sinceramente.