só isso.
é pedir muito?
tá, eu sei que eu meio que me repito todo ano com esse título, da música da lesley gore, no dia do meu aniversário, mas o que eu posso fazer se os meus aniversários são sempre #FAIL? e tipos, eu estava pensando esses dias, a partir de 2000 meus aniversários foram sucessões de fracasso. vou provar:
2000: nesse ano eu completei 15 anos e foi super trágico porque foi o primeiro ano de divórcio dos meus pais e minha mãe ainda estava meio deprimida e também passando por dificuldades financeiras, daí que eu queria um celular e ganhei uma sandália. coitada, acho que ela ficou mais deprimida que eu com o presente. sem contar que minha tia e meu tio sofreram um acidente grave no dia e meu tio acabou vindo a falecer, ou seja: FAIL.
2001: super constrangedor. eu tinha arrumado meu primeiro namorado e ele disse que ia passar na minha casa para me deixar um presente, e eu super achando que era só ele. daí o diabo do menino me aparece com, sei lá, uns 20 amigos/conhecidos. só que minha mãe estava viajando, eu estava sozinha, e tinha sei lá, ovo e água na geladeira. sem contar que eu consegui quebrar o presente que o meu namorado me deu 5 minutos depois. tá que eu colei e tenho até hoje, mas fiquei muito sem graça na hora.
2002: minha mãe esqueceu o meu aniversário, almocei na casa de uma amiga e algumas amigas foram lá, só que na época eu tinha um namorado e era mega apaixonadinha, só que ele morava em outra cidade e eu fiquei super triste. e não me lembro de ter ganho nenhum presente.
2003: 18 anos. Eu estava super feliz em comemorar meus 18 anos, a maioridade e talz. e também tava super empolgada porque meu namorado (o mesmo de 2002) disse que tinha me comprando um presente que eu ia adorar. só que eu simplesmente não sei que diabos que aconteceu que ele brigou comigo NO DIA DO MEU ANIVERSÁRIO, ficou sei lá, uma semana sem falar comigo e ainda ficou com presente para ele. parece até piada mais foi verdade.
2004: esse foi fácil um dos piores aniversários da minha vida. foi o primeiro aniversário que eu passei morando sozinha, em uma cidade que eu tinha poucos amigos ainda. lembro que a minha mãe tinha atrasado minha mesada e nem dinheiro eu tinha. e a pessoa que, supostamente, eu namorava, deu um jeito de brigar comigo de novo e nem um telefonema eu recebi.algumas poucas pessoas foram lá em casa, eu ganhei um quebra-cabeça enorme do Felipe (:~) e tinha decidido que ia começar uma nova história de amor com um carinha que eu estava super afins. só que eu fui idiota e acabei dando o fora nele. acabei desperdiçando o que poderia ser uma linda história de amor.
2005: aniversário que não foi fácil. A ufu estava em greve, mas eu estava em uberlândia fazendo não sei o quê. quer dizer... eu sei: eu estava tomando no cu, né? mas enfim, como eu não tinha nada para fazer e era meu aniversário eu acabei indo no primeiro jambolada. eu lembro que eu achei um saco, e acabei terminando a noite muito bêbada em um republica no Umuarama conversando com o Daniel Beleza e dizendo: “cara, sua banda é muito ruim. Tipos: MUITO RUIM”. daí no outro dia eu recebo uma mensagem de quem, novamente, era meu suposto namorado e ao invés de ganhar parabéns ganhei uma bronca por ter ido ao show. Hahaha pode?
2006: tai a exceção que confirma a regra. Eu estava com um namorado (de fato) e ele me levou para jantar a luz de velas super hiper mega romântico, e me deu uns dos melhores presentes que eu já ganhei até hoje. acho que tem até relatos disso aqui no blog.
2007: outro que eu nunca vou esquecer. eu estava super feliz achando que o fantasma dos aniversários passados tinha acabado em 2006, mas, eu estava errada. eu tinha organizado com todos os meus amigos de ir ao rodízio de pizza. e como era dia de semana, eu tinha marcado para às 20:30. tudo lindo, tudo combinado, até que meu namorado, que ano anterior tinha sido um príncipe, resolve me dizer que não ia rolar de ir na hora marcada porque tinha reunião do PET. MAN, WTF? Que tipo de gente troca o aniversário da namorada por reunião de merda de PET? pois é, eu fiquei tão puta e disse: tudo bem, amor, vai lá. mas eu queria mesmo era que o mundo desabasse. e não é que desabou? sim, a chuva de 12/11/07 em udi foi culpa minha. no fim, todos meus amigos não puderam ir por causa dela, e eu passei o fim da noite comendo esfiha do habibs com cara de cu.
2008: sem esperanças de que algo pudesse melhorar em 2008 eu me surpreendi com uma festinha surpresa bem legal. só que no dia do meu aniversário eu tinha chamado meu namorado (namorado novo, gente!) e alguns poucos amigos para jantar fora, tudo combinando, na hora me ligam dizendo que não ia rolar PORQUE ELE TINHAM QUE ASSISTIR AULA. Ahahahaha COMO ASSIM? Eu entenderia se não matasse aula com eles TODOS OS DIAS durante toda a merda do ano. resultado? acabei comendo macarrão com meu namorado e ficando, novamente, com cara de cu. pelo menos ganhei um presente legal.
2009: oks. O dia está passando normal até agora. mas minha cunhada viajou e eu vou ter que olhar meu sobrinho. meu namorado está há 350 quilometros de distância, e minha mãe brigou comigo na hora do almoço sobre o fato de eu ser mal humorada até no dia do meu aniversário. mas gente, nada me faria feliz hoje. NADA. Não consigo parar de pensar que eu estava organizando uma festa de halloween para o meu aniversário e ela não ocorreu. blá. ninguém vai entender mas é isso.
you would cry too if it happened to you...right?
não é à toa que uma das primeiras coisas que eu aprendi na faculdade de ciências sociais foi a diferença entre ciência e senso comum. por causa disso às vezes sinto até um frio na espinha lendo algumas coisas na internet.
as nazi-pseudo-feministas são o tipo de gente que me causa medo. antigamente elas ficavam restritas a zines bobos, ou comunidades ridículas de orkut, mas, agora, o discurso raso da opressão feminina, chegou aos meios de comunicação. quer dizer, não sei se dá para chamar a Revista TPM de meio de comunicação, mas de qualquer forma, essa reportagem (antiga, mas me mandaram ontem) ilustra bem o que eu quero dizer:
Você acorda cedo em uma segunda-feira para ir trabalhar. Como sempre, coloca o despertador para tocar uma hora antes. Assim, tem tempo de correr para o banheiro, escovar os dentes e bochechar com algum antisséptico bucal. Imagina se o seu namorado resolve te dar um beijo e você está com mau hálito! Também é bom fazer cocô antes que ele acorde. E depois jogar um aromatizante no banheiro para que nada fique com cheiro – o seu cheiro. Tem coisa mais nojenta?Na hora do banho, você aproveita para lavar a sua xoxota com um sabonete íntimo bem perfumado. Em seguida, desodorante corporal e um outro na axila que promete te “proteger” o dia inteiro. Antes de se vestir, você coloca um absorvente para uso diário na calcinha. A embalagem dizia que ele inibe os odores naturais. Melhor assim. Imagina se alguém do seu trabalho senta perto de você e percebe um cheiro estranho vindo “dali”.
não é só a revista que tem colocado o sabonete íntimo, o desodorante e depilação em xeque. tenho visto pela blogosfera várias opiniões contra esses produtos, os colocando como meio de coerção estética, pode?
o problema é que, para os mais leigos, acaba parecendo que o debate (hahahaha) sobre os novos produtos de higiene colocados no mercado está na ordem do dia no movimento feminista.
aí eu fico imaginando a Nilcéia Freire, do alto do seu gabinete em Brasília, indo na sala ao lado e falando com a Lourdes Bandeira:
- olha soam, Lourdes, vamos fazer uma nova conferência nacional de mulheres, temos muito a discutir, talvez saia até um capítulo sobre isso no III PNPM
- quê?
- menine, você não está sabendo? a indústria de cosmético lançou sabonetes íntimos, isso é um absurdo! não só isso: os absorventes agora garantem mais proteção e ainda existem novos métodos de depilação sem dor e que duram mais tempo, menine, temos que agir. o patriarcado entra nas nossas casas e coloca uma arma em nossa cabeça e nos obriga a fazer isso, estou muito preocupada, Lourdes...
- é realmente muito preocupante, Nilcéia. chamarei todas. A Blay, a Corrêa, a Safotti. Vamos chamar as gringas? A Scot, a Butler, a de Lauretis.
- vamos fazer melhor: vamos ligar na ONU e instituir o ano de 2009 como o ano internacional pelo direito de ter a perereca fedida.
sinceramente, né, gente, MENOS. BEM MENOS. não posso com esse discurso girl power de que para ser mulher com consciência temos que ser feias,gordas, peludas e fedidas. News para quem acha isso: o movimento feminista não se importa, gelere. nem deveria. em um país em que a cada minuto 4 mulheres são agredidas, em que garotas de programas e travestis são discriminadas no sistema único de saúde, em que mulheres continuam ganhando menos e exercendo os mesmo trabalhos que os homens. um país em que mulheres fazem jornadas duplas – às vezes triplas – , que são as que mais sofrem nos conflitos de terra, que são discriminadas em universidades e nos espaços públicos de decisão, em um país em que a religião ainda barra a descriminalização do aborto, em que médicos não cumprem as normas técnicas de violência sexual. em um país com tantos problemas ligados ao machismo, nega acha mesmo que o movimento feminista se importa se você lava suas partes íntimas ou não?
PELO AMOR DE DEUS PAREM COM ISSO!!!
todos os argumentos dessa reportagem são facilmente desconstruídos, assim como qualquer argumento que defenda o fato de que se preocupar com aparência é ser burra, fútil e manipulada pela mídia. se a mídia é tão ruim, desliguem a televisão, porra!
é por causa de discursos desse naipe que o movimento feminista acaba caindo no senso comum e deixa de ser levado a sério, por causa desse tipo de menina cuja única preocupação é poder usar as axilas cabeludas sem ser motivo de piada. sinceramente, viu. sinceramente...
Ontem foi um dia histórico para a sociedade brasileira não só porque a Record teve o triplo de audiência do que a Globo, mas também porque a sociedade brasileira regrediu trinta anos: um passo para frente, três para trás. Não vou falar sobre o lado positivo de que parece que realmente começará a existir concorrência real na mídia brasileira. Globo é um lixo, Record idem. Globo sendo desmoralizada a que preço?
O final de A Fazenda me deixou completamente triste, não porque eu estava torcendo pela Danni Carlos ou coisa que o valha. Confesso que pouco vi desse programa. Uma cópia de Casa dos Artistas com “artistas” mais decadente – tem como? – ainda. Querendo ou não, entretanto, Dado Dolabella era o mais conhecido. Fez novelas na Globo e estampou manchetes de jornais e sites de fofocas por ser considerado um galinha bad boy. Eu realmente achava que, apesar de ele ser o mais conhecido, duraria pouco. Não foi o caso. 83% de milhares de pessoas o legitimou – e todas suas atitudes públicas – quando lhe deram o prêmio de um milhão de reais. Agora eu pergunto: em um país em que a cada minuto 4 mulheres são agredidas fisicamente o que pensar da vitória de Dado Dolabella?
Muita gente vai dizer que ele teve os motivos para agredir a Luana Piovani e que não cabe ninguém julgar uma briga entre casais. Pouca gente sabe que ele quebrou os dois pulsos de uma senhora de 65 anos que tentou proteger Luana. A imagem de antipática de Piovani muito atrapalhou o reconhecimento da coragem que ela teve em denunciar e processar seu agressor que, até o momento, era seu noivo.
Enquadrado na lei Maria da Penha o que Dado conseguiu não foi a desmoralização pública perante todas as mulheres que ofendeu quando agrediu outra, mas um convite para participar de um novo programa de televisão em que concorreria a um prêmio milionário.
A mídia deveria ser usada a favor da sociedade, mas o que faz e o que vem fazendo há tempos é legitimar uma violência que tanto causa sofrimento não só às mulheres agredidas como a todos que com elas têm qualquer tipo de relação.
Quem agride mulheres não é só nervosinho, não está resolvendo um probleminha no relacionamento, não tem gênio forte. Quem pratica violência doméstica é um criminoso e deve ser tratado como tal. Deve responder perante a justiça e principalmente diante da sociedade. Quem bate em mulher deveria ser preso e não ganhar um milhão.
Agora vocês me perguntam: mas o que eu tenho a ver com isso se não apanho e nem conheço quem bate. Será? Será mesmo? Muita gente convive com espancadores de mulheres no dia-a-dia sem saber, ou até sabem, mas acham que “nem é tanto assim” será? Quantas mulheres precisarão ter a coragem da Piovani e denunciar seus agressores em um ambiente que deveria não ser violento? Porque obviamente quem bate é pobre, preto, alcoólatra está desempregado e mora na periferia. Será? Será mesmo?
O que posso fazer como cidadã e mulher e nunca mais ver a Record e continuar lutando pelo que eu acredito. Mas tenham a certeza que cada um que discou para que Dado Dolabella ganhasse A Fazenda tem culpa nos pulsos quebrados dessa senhora. Tem culpa em cada agressão, mutilação, estupro, tortura mental, mortes que as mulheres sofrem todos os dias.
Pelo menos nesse programa todos podem conhecer o Carlinhos e perceber que nem todo mundo que nasce pobre necessariamente vira bandido, assim como nem todos quem têm condições e educação não deixam de ser tornar criminosos.
Demorei 22 minutos para escrever esse texto. 88 mulheres foram agredidas.
eu não entendo muito bem qualé das pessoas altruístas, sabem? elas simplesmente passam o tempo inteiro jogando na cara alheia o quão altruístas são. se for para ser assim, pra que serve essa merda de pensar nos outros antes de pensar em si mesmo? quando aparecem com papo o de que sempre pensam em mim primeiro, a vontade que eu tenho de responder é só essa: “pensa porque quer, porque se fosse esperto pensaria em você”. o pior que nem é a minha mãe que me fala esse tipo de coisa. olha, pode ser o adam smith falando por mim, mas eu sou realmente da filosofia de que, quando somos os mais interessados em nós mesmo, não precisa de ninguém para cuidar da gente. self-interest as way of life. mas, os altruístas não gostam disso, né? se ninguém precisar de cuidado, o que será da vida deles, não é mesmo, minha gente?