25.12.10

Natal, eu e o Woody Allen

não curto muito natal por motivos óbvios: não sou mais criança e não sou cristã. bem longe disso, né? sou atéia. então nem dá para encontrar um espírito natalino. gosto dessa época, das ruas molhadas e das luzes. mas sentir uma felicidade extrema comendo peru, não é comigo. não consigo entrar no clima de fraternidade da música da Simone.
mas esse ano ganhei um presente tão legal que até merece um post. todos sabem que eu não sou lá muito cinéfila. gosto de cinema como qualquer pessoa normal gosta, assisti todos esses filmes que as pessoas dizem que a gente não pode morrer sem ter visto, mas, né? não sei o nome do diretor nem do meu filme predileto. tenho uma preguiça tão grande disso. de quem acha que o cinema te transforma em um grande intelectual, que ficar falando sobre aquele diretor búlgaro te faz muito inteligente. ZZZzzZZZ. continuo com Otto Lara Rezende quando ele diz que o Cinema é uma maneira fácil de ser intelectual sem ler e nem pensar. e eu ganhei um box do Woody Allen.

Allen para mim é muito mais que cinema. é outra coisa. junto com Salinger, Gabo, Jane Austen, Nelson Rodrigues, Dostoiévski, Fitzgerald e Érico Veríssimo, ele fez de mim quem eu sou. não só pelo estilo ou pela estética, mas, principalmente, pelo que ele conseguiu exprimir em todoas as suas obras: nossas pequenas neuroses cotidianas que diz tanto sobre a gente. a busca de um sentido para o que não tem sentido nenhum, cujo o fim é sempre o mesmo. e é isso que sempre me encantou nos filmes dele.
Melinda & e Melinda, por exemplo, é o filme do Woody que é a metáfora da minha vida. mostra como a minha vida é igual a da Melinda que vive na linha tênue do tragicômico. não importa a merda que esteja minha vida, ela acaba sempre em piada. não importa quão simples tudo seja, eu irei complicar. porque isso é um filme do Woody Allen e isso sou eu.
quem me deu esse presente pode até achar que deu alguns DVDs para um fã. mal sabe que me deu uma parte de mim.

19.12.10

queridismo as way of life

já faz tempo que eu vinha querendo escrever esse post. acabei procrastinando porque sabia que ia acabar tendo que me explicar, que ouviria encheções de saco de quem não consegue ler além do óbvio e, enfim, acabei deixando para lá. mas acontece que nos últimos dias têm acontecido tantas coisas que optei pelo desabafo.

não é novidade para ninguém que eu não sou uma praticante do queridismo. não gosto de sabujice, não sou bajuladora e não suporto que façam comigo. por isso mesmo não concordo com o Rei na vontade de ter um milhão de amigos. tenho poucos e sou feliz. tudo porque sei muito bem que o mundo é dividido em duas categorias de pessoas: as normais e as retardadas. sendo que o segundo tipo ocupa 95,3% do globo terrestre.

e outra: é complicado demais ser meu amigo. eu exijo muito. não peço favores, presentes de aniversário, nem comentários bondosos no orkut, dinheiro, fotos em baladas ou telefonemas. claro que todas essas coisas são sempre bem-vindas, mas estão longe de pertencerem ao hall do que quero. o que eu procuro é caráter, fibra moral, inteligência, senso de humor e, principalmente, paciência. porque aguentar meu muro de lamentação particular e meus momentos em que eu insisto em ser desagradável não é para qualquer um.

é seguro, é leve. é a certeza do eterno gostar. o cadáver enterrado sem pedidos de explicação. os telefonemas em desespero, os cartões postais do exterior, os segredos compartilhados apesar dos quilometros de distância, dos horários desencontrados, do cotidiano diferente.

óbvio que às vezes ainda tenho meu dedo podre. acabo dando o meu certificado de amigo a pessoas decepcionantes. pessoas essas que só vieram ao mundo com um único propósito: decepcionar. desvios, interesse como modo de vida, tudo que minha mãe me ensinou ao contrário.

mas faz parte. nos ajuda a dar valor a quem merece. posso continuar dedicando minhas piadas, meu eterno deboche, até a resposta de um cumprimento dado de má vontade
àqueles que só se dedicam a ZUAR E ZUAR. aos outros poucos, meus amigos queridos, meu eterno amor travestido de neuroses e pequenas implicâncias.

10.12.10

"We men are the miserable slaves of prejudice, but when a woman decides to sleep with a man, there is no wall she will not scale, no fortress she will not destroy, no moral consideration she will not ignore at its very root: there is no God worth worrying about."

Gabriel García Márquez