28.6.07

mauss, bridget jones, chocolates...

não sei se alguém que acompanha esse humilde folhetim, já teve a oportunidade de ler O ensaio sobre a dádiva, obra prima do antropólogo francês marcel mauss, e na minha mais humilde opinião, o texto mais bonito da antropologia clássica.
em linhas gerais (muito gerais) mauss analisa as trocas entre sociedades tribais como forma de alianças, que só aconteceriam se a dádiva recebida fosse agradecida com outra, por isso trocas. um dos capítulos mais profundos (não consigo pensar outra expressão) é o a dádiva e/ou a obrigação de dar presentes . nele, o autor explica o fato que quando uma tribo recebia presente de outra se esforçava em retribuí-lo de uma maneira ainda melhor, sendo assim, acabava em um círculo vicioso de dar-e-receber presentes. a partir desse princípio, o autor, avalia a tese segundo a qual a dádiva é fundamento de toda sociabilidade e comunicação humanas, assim como sua presença e sua diferente institucionalização em várias sociedades analisadas por ele, capitalistas ou não.
até aí, tudo bem. mas o problema - e aí novamente - na minha MAIS humilde opinião, é a leitura vulgar desse texto.
as pessoas que fazem esse tipo de leitura acabam ficando obcecadas, vendo dádiva em cabeça de cavalo (eu sou muito engraçada) mas continuando o papo sério: se você dá uma balinha para uma pessoa assim, ela já acha que precisa te retribuir com um chocolate, e não é porque ela quer te dar o chocolate, é porque ela acha que você só deu a balinha esperando o chocolate.acabam caindo em um niilismo maior que do schopenhauer. acabam levando sua vida pessoal de uma maneira artificial, achando que as relações humanas são baseadas na falsidade e no interesse, e acabam se transformando em aleijados emocionais (bridget jones na cabeça) e isso é muito triste. de verdade.
portanto, se faz necessária uma grande abstração dos textos acadêmicos, juntamente com uma análise histórica-economica-social-comportamental-cognitiva-epistemológica-ontológica. senão a gente acaba maluca. juro por deus que acaba.

PS: esse não é um texto de uma antropóloga e muito menos de uma socióloga. quando eu tiver o meu diploma, será um texto de uma cientista social. depois do mestrado, eu serei uma antropóloga, mas SÓ depois ;)

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